quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dores da música!

 

Prática incorreta de instrumentos ameaça a saúde e o desempenho

  • No pain, no gain. O ditado em inglês (“sem dor, sem ganho”, em português) serve como motivação para muitos músicos, estimulando-os a manter o esforço no estudo do instrumento e em longos ensaios para sempre aperfeiçoar a performance em violino, piano, guitarra ou bateria.

    Era essa a rotina de Paulo Ricardo Leonardi Paranhos, hoje com 64 anos, havia mais de três décadas. O violinista treinou partituras à exaustão. A perícia o tornou membro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), mas o excesso de ensaios e concertos trouxe consequências à saúde. Em 2001, a primeira lesão: uma tendinite no pulso que se manifestou enquanto estudava a Quarta Sinfonia, de Beethoven.

    Anos depois, teve início um processo de rompimento parcial de tendão nos ombros, somado a bursite (inflamação) e artrose (problema nas articulações). A dor constante, muitas vezes, o obriga a longas pausas. Paranhos dedica-se também ao reparo de violinos. A falta de descanso para os braços o empurra para sucessivas sessões de fisioterapia.

    – A dor maior é nos concertos, quando o trabalho e a concentração são intensos. Nos ensaios, troco de posição e até faço algumas pausas – conta.

    O preço do virtuosismo pode ser muito alto. De acordo com a intensidade da prática instrumental, as lesões se agravam e deixam os músicos incapacitados para várias funções.

    – Um dos problemas mais comuns é o superuso, quando um tecido é exigido além de seus limites. Ao longo do tempo, o esforço intenso causa dor em vários pontos. A dor pode se estender a qualquer atividade. Passa-se a sofrer para arrumar o cabelo, escovar os dentes ou fechar uma torneira – explica o ortopedista Osvandré Lech, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

    O superuso leva a outros problemas. Um dos mais comuns é a tendinite, inflamação no tendão que pode acometer braços, mãos, pernas e cotovelos. Quando o problema é diagnosticado logo no início, o tratamento costuma ser simples e eficaz.

    – Uma tendinite, por exemplo, pode ser tratada com repouso parcial, fisioterapia, analgésicos e, eventualmente, uma mudança na técnica do instrumento. “Esperar para ver”, achar que a dor não é nada, no entanto, muitas vezes não é a melhor solução. Quanto mais tempo passar, mais difícil será o sucesso do tratamento – afirma a fisioterapeuta Annemarie Frank.

    FLAUTA TRANSVERSAL


     O instrumento requer uma postura bem assimétrica, o que faz com que se tensione demais um único lado do corpo. Se o praticante exagerar na tensão muscular e não fizer intervalos, podem ocorrer dores, fadiga muscular e dormência.
  • fonte: daniel.cardoso@zerohora.com.br

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